CEDOC - Museu da Justiça

Colaboração, Pesquisa e Edição de Texto: Ricardo Joaquim Marques.

Des. Ângela Khury

Des. Ângela Khury

 

Ângela Khury, filha de Nipton Khury e Arlette Therezinha Khury. Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Paraná, turma 1986.

Ingressou no Ministério Público paranaense em 1987, como substituta da comarca de São José dos Pinhais. Como promotora de justiça, exerceu o cargo nas comarcas de Mallet, União da Vitória, Rebouças, Laranjeiras do Sul e Curitiba, onde atuou na Promotoria Especial de Defesa do Consumidor, no Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado, em Varas Cíveis e de Registros Públicos. Em segundo grau, atuou em várias Procuradorias de Justiça, cíveis e criminais, como promotora de justiça substituta em Segundo Grau.

Em 28 de julho de 2009, pela vaga do quinto constitucional destinada ao Ministério Público, foi nomeada desembargadora do Tribunal de Justiça do Paraná.

 Em 1977, quando assumi o cargo de Juiz Adjunto na comarca de União da Vitória sede da Seção Judiciária, conheci o gerente geral da agência local do Banco do Brasil SA por mais de trinta anos, o Read, como era popularmente conhecido Nipton Khury, irmão do Deputado Estadual Anibal Khury.

    Depois de ter aulas básicas no Joia Tenis Clube, fui convidado para participar regularmente de jogos de duplas, com Read e os Juízes de Porto União SC, o Bruno Carlini, que indicou a melhor raquete de madeira existente no comércio local, e Fernando Luís Soares de Carvalho.

    Meu mestre Clotário de Macedo Portugal Neto era o juiz de direito da vara cível e o dedicado Renato Alves de Souza era o juiz de direito da Vara Criminal e Anexos. Foram  mentores do meu noviciado como juiz adjunto da Seção Judiciária de União da Vitória, compreendendo a comarca sede, a comarca de Palmas, cujo titular era o competente magistrado Pedro Saad, e a comarca de Clevelândia.

    Eles, maçons do rito moderno, de espírito indomável, personalidades aladas para as quais os horizontes sempre foram amplos como a imensidão do azul do céu. Eu neto, filho e sobrinho de maçons.

     Décadas depois vim a conhecer a filha de Nipton – o Read - Ângela Khury, quando foi nomeada Desembargadora na vaga do quinto constitucional destinada ao Ministério Público decorrente da aposentadoria do Desembargador Antonio Lopes de Noronha.

      Foi escolhida na lista sêxtupla elaborada pelo Conselho Superior do Ministério Púbico, composta pelos Procuradores de Justiça e Promotores de Justiça: Antonio Cesar Cioffi de Moura, Ricardo Pires Albuquerque Maranhão, Paulo Roberto Lima Santos, Valério Vanhoni, Ângela Khury Munhoz da Rocha e João Henrique Silveira. Após compor a lista tríplice com o voto de 87 dos 100 desembargadores do Pleno do Tribunal de Justiça, foi nomeada para o cargo de Desembargador pelo Governador Roberto Requião de Melo e Silva, para preencher a vaga aberta com a aposentadoria do Desembargador Antônio Lopes de Noronha.

    Entrevista na ocasião pelo matutino Gazeta do Povo, declarou: “Estava confiante de que entraria na lista tríplice, mas nunca se sabe o resultado de uma eleição. Sempre segui o ensinamento do meu pai que dizia: ‘Trabalhe para entrar em primeiro para ter a chance de ficar em último’. Isso serve para tudo. É uma honra sair de uma instituição como o Ministério Público e assumir a Magistratura. Pretendo trabalhar arduamente e gostaria de tomar posse o mais rápido possível. Todos nós candidatos trabalhamos com alguém que era juiz conosco e muitos hoje são desembargadores. O conhecimento do trabalho influenciou e embasou a decisão na hora do voto. Tenho maturidade, tempo de trabalho e contribuição para o MP. No Ministério Público tive a oportunidade de passar por quase todas as áreas. Considero fundamental ter sido chefe de gabinete do então Procurador Geral Milton Riquelme de Macedo por quatro anos, me considero conhecedora da instituição também na parte administrativa. Trabalhei com os Procuradores Gerais: Jerônimo de Albuquerque Maranhão. Olympio de Sá Sotto Maior Neto e Maria Tereza Uille Gomes. Muitas vezes o que prejudica a prestação jurisdicional são as regras processuais, formalistas e morosas. Não somos nós que preparamos a legislação, só temos que aplicar a lei. Acabo tendo mais ônus do que bônus sendo parente de político, mas isso não me inibe de continuar meu caminho”.

       O jornal Bem Paraná a entrevistou: “Ela é a 11ª. mulher a ocupar o cargo de desembargador. Longe das dificuldades das primeiras mulheres a assumir, quando o prédio sequer tinha sanitário feminino. Ângela assume com novos desafios: humanizar a atuação do Judiciário, agilizar o sistema e fazer com que a Justiça chegue aos mais humildes. E Ângela Khury declarou: Nós mulheres, desde jovens, travamos uma luta sem tréguas na busca de espaço. Quando mais velhas, tentamos compatibilizar trabalho, família, compromissos em geral e uma infinidade de afazeres. Entretanto, apesar de todo o esforço, nos sentimos culpadas se algo não sai como planejamos. Iríamos bem mais longe se conseguíssemos ser parceiras e nos ajudássemos mutuamente. Sou a primeira mulher do Ministério Público a ocupar uma cadeira no Tribunal de Justiça. Sou sobrinha de Anibal Khury, político que fez história em nosso Estado, e prima de Alexandre, seu neto, que é o primeiro secretário da Assembleia Legislativa. Anibal era odiado por uns e amado por outros. Eu estou entre aqueles que o amavam. O fato de ter um bom relacionamento com minha família não interfere no exercício do trabalho e na minha independência funcional. Podem esperar de mim a imparcialidade e o respeito às leis”.

      Empossada em 2009 pelo presidente Desembargador Carlos Augusto Hoffmann, em seu discurso de posse Ângela Khury disse crer nas instituições, no Estado e no País: “Porque acreditar nas pessoas, acreditar nas instituições, amar meu Estado e amar meu País, foi e é o que minha mãe Arlette sempre me ensinou e me continua ensinando”, justificou. Foi saudada pelo Desembargador D’Artagnan Serpa Sá em nome da Associação dos Magistrados do Paraná e do Tribunal de Justiça.

      Já integrou diversas câmaras no Tribunal do Paraná, entre elas, a 6ª, a 7ª, a 10ª, a 20ª Câmaras Cíveis e atualmente a 9ª CC e a 3ª Criminal. A magistrada Ângela Khury é esportista, pedala, corre, aprecia viagens e leitura. Tem especial afinidade com estudos na área de ciências políticas, para a qual vem se dedicando atualmente.